Pernambués Curioso: conheça a baiana Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil
29 de Junho de 2021 - Cremeb
A médica foi também a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da Bahia, Nasceu em São Félix do Paraguassu, Bahia, em 05 de março de 1884
Era 15 de dezembro de 1909, num Brasil machista e preconceituoso, quando Maria Odília Teixeira, baiana de São Félix do Paraguaçu, superou as estatísticas e formou-se em medicina, sendo a primeira médica negra do Brasil. Como se não bastasse o feito inédito para a sua raça, a médica foi também a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da Bahia (cinco anos após conclusão de curso, lecionando Clínica Obstétrica), e inovou na sua tese inaugural quando pesquisou o tratamento da cirrose, enquanto as sete médicas anteriores debruçaram-se sobre tocoginecologia ou pediatria.
Seu pai, Dr. José Teixeira, era médico, mas de origem pobre; criou a família com muito sacrifício. E foi graças à ajuda de um dos irmãos (Tertuliano Teixeira), bacharel em Direito, que Maria Odília concluiu o curso de Medicina e tornou-se também a primeira mulher a ser diplomada em Medicina no Séc. XX.
“A humildade da família não foi uma barreira para o seu conhecimento cultural, muito pelo contrário. Minha mãe, sem nunca ter saído do Brasil, falava cinco línguas fluentemente, e não concebia como os professores ousavam ensinar o português, sem ao menos dominar o grego e o latim”, conta ao Cremeb o também médico José Leo Lavigne, um dos seus dois filhos.
O legado para a Medicina ultrapassa a pesquisa, docência e exercício da profissão quando o assunto gira em torno da Dra. Maria Odília Teixeira. Assim como o seu pai, ela segue sendo referência de conduta profissional para os demais familiares. Na carreira médica ela deixou um filho, dois netos e duas bisnetas, enquanto uma terceira bisneta cursa o sexto semestre da profissão. “Acredito que toda a minha paixão pelo cuidar veio da minha bisa Odília. Formar-se em Medicina sendo mulher negra há tanto tempo não deve ter sido fácil. Muita luta, muita força e muito amor”, detalha a bisneta Paula Lavigne, estudante de medicina.
“Exerceu a Medicina com dignidade, zelando pelos seus pacientes e respeitando a todos ao seu redor. Mulher meiga e forte, um exemplo de vida. Os seus passos também vêm guiando os meus”, conta a bisneta e médica oftalmologista, Luciana Lavigne. Já a bisneta Iana Lavigne, também médica oftalmologista, afirma ter “um estimado apreço e reconhecimento por sua honrosa história e trabalho, e isso se faz presente diariamente em minha vida profissional”.

A gana de uma mulher à frente do seu tempo era notória em diversas ações de Maria Odília. Ela encarou os feitos da ditadura do Estado Novo e defendeu sua família, em Ilhéus, em 1937, quando o seu marido Eusínio Gaston Lavigne teve o seu mandato de prefeito destituído. Quase trinta anos depois, em 1964, sofreu com a prisão de seu companheiro durante a ditadura militar. E, quando o político Ruy Santos planejou publicar um livro desmerecendo os feitos do seu pai – Teixeira Moleque, Ed. José Olympio, 1960 -, a primeira médica negra do Brasil lhe escreveu uma longa carta chamando atenção sobre o pretendia fazer.
Ao lembrar-se da referência cultural que a matriarca era para a família, um dos seus dois netos que seguiu a medicina, Eusínio Lavigne Neto, retoma um caso ainda da sua infância. “Certa feita, nós ganhamos uma gincana do colégio por causa dela. A missão era explicar a origem das nomenclaturas dos dias da semana, informação que não tinha nem enciclopédia Barsa. Não deu outra: ela sabia tudo e nós levamos a prova”, relembra.
Para dedicar-se à família, apesar de não haver exigência do marido, Dra. Maria Odília Teixeira abandonou a profissão médica. Naquela época, década de 1920, o movimento feminista acumulava os seus primeiros avanços e ainda não tinha obtido, por exemplo, direito ao voto para as mulheres. E foi nesse cenário que a primeira médica negra do Brasil escreveu o seu nome na história: com independência profissional, sendo exemplo para a juventude da sua família e símbolo de orgulho para a medicina, para as mulheres e para o povo negro.
Foto reprodução: Internet
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