Bahia

“Isso é uma palhaçada”, diz Marcelle Moraes sobre Ebó Coletivo marcado para esta segunda-feira

15 de Abril de 2019 - Redação Pernambués agora
[“Isso é uma palhaçada”, diz Marcelle Moraes sobre Ebó Coletivo marcado para esta segunda-feira ]

Vereadora esclarece que não tem diferença entre a vida do animal e a do ser humano

Adeptos das religiões de matriz africana, organizaram um Ebó Coletivo, na frente da Câmara Municipal de Salvador, às 17h, em protesto a vereadora Marcele Moraes (sem partido). Candomblecistas e lideranças religiosas protocolaram uma representação no Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra a vereadora que aproveitou um minuto de silêncio pelo falecimento de Makota Valdina, durante sessão na Câmara de Salvador, para lamentar a morte de um animal no zoológico de Salvador. 
Em entrevista ao PERNAMBUÉS AGORA, a edil falou que não irá retroceder o seu trabalho e que foi eleita para defender os animais. Além disso, ela deixa claro que para ela, não existe diferença entre a vida do ser humano e a do animal: “Devemos aprender a respeitar a opinião dos outros”, explicita ao ressaltar que vivemos em uma democracia”.
Ao ser questionada sobre uma possível má interpretação, Marcele diz que não houve esse equívoco e que há interesses políticos por trás disso: “Infelizmente, existem vereadores do PT que se aproveitam dessa causa para se aparecer. Eles não têm trabalho e querem se aparecer em cima das minhas causas. Isso é uma verdadeira palhaçada”, concluiu.
Lindinalva de Paula, ekedi, adepta do candomblé do Ilê Asé Omín Yewá, em entrevista ao vivo, explicou o real objetivo da manifestação: “ é a nossa união que fortalece o povo de santo. Esse é o ebó mais forte. Pra nós de axé, a palavra tem força. São pessoas de várias casas, de várias nações. Vimos pedir respeito, uma sociedade mais justa e que acabe o ódio religioso dentro dessa casa. É preciso respeitar a laicidade”, finalizou.
Lembre o caso:
O ato da vereadora Marcelle Moraes (Sem Partido) ter aproveitado o ensejo do minuto de silêncio na Câmara de Salvador pelo falecimento da líder religiosa Makota Vadina para pedir silêncio pela morte de uma rinoceronte fêmea no Zoo de Salvador ainda repercute de forma negativa para edil. O ato foi visto pelo movimento candomblecista como uma ofensa.
“Isso foi um ato covarde de vingança porquê a seis anos atrás, Makota Valdina enfrentou essa família e derrotou aqui nesse plenário, com mais de duas mil pessoas aqui fora quando eles quiseram criminalizar o ato sagrado de sacrificar os animais, aqui na cidade. Exatamente aqui em Salvador que essas pessoas vêm fazendo suas carreiras políticas em cima do sangue do povo negro e é por isso que a gente não vai deixar. É muito grave uma parlamentar falar disso na maior cidade negra fora da África”, desabafou Vilma Reis, adepta do candomblé, em entrevista ao Pernambués Agora.
O vereador Luíz Carlos Suíca (PT), informou que os animais são de importância e precisa de cuidados, “isso não se trata de votos e sim em cuidar das pessoas, e respeitar a religião, respeitar uma figura que foi um marco para a gente alcançar diversas conquistas nesse estado e município. Makota Valdina vai deixar um vácuo muito grande na sociedade, como meu companheiro Edson Conceição da Sindlimp deixou, como mãe Stella deixou, como todos companheiros que deram seu corpo e sua vida para conquistássemos algo, foi muito ruim.
Após o protesto, a vereadora Marcelle Moraes permaneceu no plenário e leu um pedido de desculpas.
Policiais militares da Casa precisaram intervir para ajudar a acalmar os ânimos dos manifestantes.

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